A nomeação de um integrante do PP à frente da pasta vinha
sendo especulada desde o final da campanha e foi confirmada pelo própria Haddad
durante o encontro. Ele justificou a decisão às lideranças populares dizendo
que havia feito um acordo com o partido do ex-prefeito Paulo Maluf. Ao fazê-lo,
porém, deixou decepcionados os presentes – que formaram um importante
contingente de apoio à sua candidatura.
“Nós
explicamos a dimensão do problema. Explicamos que é importante que o novo
secretário esteja antenado
com os
movimentos sociais. Mas ele falou que não, que já tinha combinado
com o
PP. E nós falamos que isso seria uma tragédia. Mas não adiantou”, relatou Dito.
Além do representante da CMP, estavam
presentes o futuro secretário de governo, Antônio Donato (PT), e
representantes da União Nacional de Moradia (UNM), da Frente de Luta por
Moradia (FLM) e do Movimento Nacional da População em Situação de Rua
(MNPR).
“É
um partido [o PP] que não tem diálogo com
os
movimentos sociais, que criminaliza os movimentos sociais”, critica o
presidente do MNPR, Anderson Miranda. Ele explica que a chegada do PP à
Habitação dificulta a intersetorialidade necessária para a efetivação das
políticas públicas para a população em situação de rua.
Todos os movimentos presentes à reunião também
participaram da elaboração do plano de governo para habitação apresentado
durante a campanha eleitoral e afirmam terem ido para a rua para eleger o
candidato petista na disputa pela prefeitura de São Paulo. “Explicamos que não
tinha condições de transferir um plano de governo que nós fizemos para um
partido que não tem condições de cumpri-lo”, conta Dito.
O advogado afirmou que esse cenário levará os movimentos
a intensificar as ocupações de prédios e terrenos pela cidade para pressionar
pelo cumprimento do plano de governo. Para Anderson, a entrega da
secretaria para o PP representa um “retrocesso e uma tristeza”. Para Dito, o
sentimento é de “indignação” e “engano”.
Transparência
Os
representantes de movimentos , afirmaram que não
haviam sido informados antes de que tal acordo havia sido firmado e que, mesmo com a aliança firmada
ainda no primeiro turno entre os dois partidos, nenhum indício de que a
Habitação seria entregue ao PP havia sido dado. “Imaginávamos que ia
haver negociação de espaço político dentro do governo, mas que
eles (o PP) iriam ficar com uma subprefeitura. Que iriam até pedir a Cohab, mas
que o Haddad ia dizer não”, afirmou Dito.
Ainda
segundo os relatos, o prefeito eleito tentou tranquilizar os ativistas,
garantindo que dará atenção especial à secretaria, como
forma de cumprir o plano de seu governo, mas o
argumento não convenceu as lideranças presentes. “O Haddad disse que ele é que
vai governar, mas nós sabemos a falta de
compromisso
do PP. Não fomos informados desse acordo. Se tivesse vindo essa informação
antes, o movimento não teria ido para rua eleger o Haddad. Faltou
transparência”, protestou Anderson.
Segundo
o presidente do MNPR, Haddad garantiu que exigiu ao PP que o nome indicado
preencha dez requisitos para assumir a secretária, entre ele, ter conhecimento
sobre o programa Minha Casa, Minha Vida e ter diálogo
com os
movimentos sociais.
A proposta de orçamento enviada pelo Executivo que está
em votação na Câmara prevê orçamento de R$ 1,2 bilhão. Mas o próximo
titular da pasta precisará administrar um déficit habitacional de cerca de 1,4
milhão de unidades. A expectativa é de que o nome de quem será o secretário ou
secretária da Habitação de São Paulo, não revelado aos movimentos sociais, seja
conhecido até o dia 12.
Na tarde de ontem, os movimentos que participaram da
reunião divulgaram uma carta em que reafirmaram sua "frustração".
"As lideranças entendem que a sustentação de um governo que se diz
democrático e popular passa também pelos movimentos populares, para além dos
vereadores e partidos políticos."
Nenhum comentário:
Postar um comentário